A capacidade de
avaliarmos o nosso comportamento é uma ótima ferramenta para nos desenvolvermos
e igualmente para nos tornarmos mais assertivos. Mas quando o resultado dessas
autoavaliações se viram contra nós mesmos, quando isso passa a sabotar quem
somos, quando mina os nossos sonhos e aquilo a que nos propomos, perde o seu
valor adaptativo e prejudica-nos. A autocrítica negativa pode estar enraizada
em problemas emocionais plantados em acontecimentos que nos frustraram, em
traumas, em medos, em angústias e, até mesmo nas expectativas do futuro. Essa
crítica interna negativa que transporta uma elevada carga emocional, pode fazer alguns danos sérios.
No entanto, se conseguirmos deixar de perpetuar essa autocrítica negativa e olhá-la como um tipo
de informação que nos alerta acerca de alguns problemas que necessitam de ser
resolvidos ou melhorados em algumas áreas da nossa vida, podemos conseguir sair
beneficiados. É como uma chamada de atenção (um sistema de proteção) que se
traduz numa crítica direta a nós mesmos. Só que o resultado final, por vezes,
transforma-se numa punição por não estarmos a corresponder às nossas próprias
expectativas.
Importa tentar perceber qual o conteúdo da informação que esse
tipo de autocrítica expressa, e de que forma se revela. Os
investigadores e psicoterapeutas Bonnie Weiss, LCSW e Jay Earley,
identificaram sete tipos de autocrítica. A maioria de nós realmente apresenta
várias expressões dessa autocrítica que aparentemente nos tenta proteger, mas
que, na maioria das vezes nos prejudica a vida.
Apresento sete tipos de expressões autocríticas que podem estar a
prejudicar a sua vida:
PERFECCIONISMO
Você é impelido a fazer as coisas de forma perfeita. Você vai construindo
elevados padrões de comportamento, desempenho e produção. Torna-se rígido
consigo e com os outros, querendo sempre que tudo se realize na perfeição.
Desenvolve um pensamento de tudo ou nada. Quando alguma das coisas que faz não
está de acordo com os seus padrões de realização, interpreta como um fracasso e
critica-se duramente.
Na base desta autocrítica negativa acerca de alguns dos seus
desempenhos, pode estar uma educação demasiado rígida, em que não eram
admitidas falhas, fracassos e erros. Provavelmente você pode ter sido
tremendamente criticado acerca das suas realizações. E com isso poderá ter
construído a ideia que só seria uma pessoa de valor se fizesse tudo na
perfeição.
HIPERESFORÇADO NAS TAREFAS
Você construiu a ideia de ter de trabalhar duro ou ser muito
disciplinado, a fim de ser bem sucedido ou para evitar ser medíocre. Na sua
base este conceito até pode ser considerado de enorme valor. Tudo depende de
como você é ou não é capaz de relativizá-lo. Por vezes, o resultado desta forma
de pensar acerca da realização das suas tarefas, pode conduzi-lo ao sentimento
de inferioridade. Ou seja, se você tem de se esforçar muito mais que os outros
e mesmos assim por vezes fica aquém deles, é porque você é pior que os outros.
Ser-se esforçado é algo que deveremos valorizar, mas não necessariamente se
isso equivale a sermos inferiores aos outros.
AUTOSABOTAGEM
Você pode sabotar a sua autoconfiança e autoestima para evitar
correr riscos, ou para não ser alvo da falha ou do fracasso. Você também poderá
ter medo do sucesso ou de vir a conquistar algum poder, por não saber lidar com
isso ou por temer os problemas associados.
AUTOCONTROLADOR
Tenta controlar o seu comportamento impulsivo que pode não ser
bom para você ou para as outras pessoas, ou pode até ser perigoso. Numa
primeira análise, caso você tenha impulsos que possam ser considerados
prejudiciais, a estratégia de autocontrolar-se pode parecer eficaz. O problema
surge sempre que você não é capaz e com isso critica-se duramente, criando feridas emocionais a você mesmo. O
autocontrolo e autovigilância pode criar a ideia de que você é alguém perigoso,
desadequado ou explosivo. Uma estratégia mais saudável é resolver o problema na
raiz, aprendendo formas mais adequadas de agir perante os seus gatilhos
emocionais.
PROMOTOR DA AUTOCULPABILIZAÇÃO
Volta-se contra si mesmo com base em alguma ação específica que
tomou ou não tomou no passado, ou pela repetição do comportamento que tem sido
prejudicial para os outros ou que viole um valor profundamente enraizado. O
sentimento de culpa sem uma estratégia para diminuir ou eliminar a
probabilidade de algo idêntico voltar a acontecer é contraproducente.
MODELAGEM
Você segue um modelo de referência, provavelmente incutido pela
educação, familiares, sociedade, cultura. Nada disto seria prejudicial se não
fizesse com que você em determinadas situações da sua vida verbalizasse: “Eu
deveria ser assim” ou ” Eu não poderia ter tomado esta decisão” ou “Eu tenho de
conseguir ou então não tenho valor ” ou “Se penso desta forma é porque…”
Os medos que emergem da modelagem tentam evitar que o seu
espírito livre se comporte de uma forma supostamente inaceitável. Esses medos
impedem que você expresse o seu verdadeiro eu, objetivos e desejos, castrando a
sua individualidade e forma de olhar o mundo.
AUTODESTRUIDOR
Você ataca a sua autoestima, ataca o seu valor pessoal, eventualmente minimiza
as suas competências e habilidades. Envergonha-se profundamente. Acredita que
não deveria existir. Certamente essa noção está enraizada numa crença irrealista
acerca de você mesmo. Questione-se acerca do que poderá ter contribuído para
você pensar dessa forma. E se esse tipo de pensamentos o tem ajudado a
sentir-se melhor, ou se pelo contrário o tem vindo a prejudicar.
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Fonte: escolapsicologia.com
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