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quinta-feira, 17 de abril de 2014

Menos brigas, mais soluções !

 "Estudos sugerem atitudes que auxiliam a resolver problemas dentro dos relacionamentos"


Um estudo com 953 casais, publicado no Journal of Social and Clinical Psychology, aponta que, durante uma discussão, as pessoas tendem a perceber o conflito de duas perspectivas gerais: pelo prisma da ameaça ou da negligência. No primeiro caso, sentem que estão sendo cobradas, acusadas ou colocadas em dúvida. No segundo, predomina o sentimento de rejeição. De acordo com os autores, reconhecer esses estados pode ajudar a resolver os problemas. 

Assumir erros

      “Se perceber que seu parceiro se sente ameaçado, você deverá observar se está, de fato, se comportando como um adversário, isto é, buscando ganhar a discussão”, diz o psicólogo Keith Sanford, da Universidade Baylor, no Texas. “Assumir o erro e mostrar respeito ao que ele tem para dizer é uma maneira de mostrar que você está disposto a dividir poderes”, sugere. Já pessoas que se acreditam negligenciadas desejam principalmente que o outro demonstre mais afeto, disposição para se comunicar e comprometimento com a relação.  

Aprender a se perdoar

       Sentir-se culpado por erros do passado não é saudável para o relacionamento. De acordo com uma pesquisa divulgada pelo Journal of Family Psychology baseada em entrevistas com 168 casais sobre conflitos que marcaram a relação, a satisfação é maior entre casais nos quais o ofensor guarda menos sentimentos e pensamentos negativos a respeito de si mesmo. Os autores deixam claro, no entanto, que perdoar-se – que envolve reconhecer a responsabilidade pelo próprio erro e se comprometer a uma mudança – é diferente de simplesmente se “absolver”de responder pelas atitudes que feriram o outro.

Manter seu ponto de vista

Apesar de parecer uma atitude bem-intencionada, tentar enxergar a situação da perspectiva do outro não ajuda a resolver o problema da melhor forma para os dois. Segundo pesquisadores da Universidade de Manitoba, no Canadá, que acompanharam 111 casais, pessoas que assumiram esse comportamento não resolviam as questões mais facilmente, eram mais insatisfeitas e tendiam a superestimar sua própria opinião sobre as motivações alheias. A melhor estratégia, segundo publicado no Journal of Personality and Social Psychology, é prestar atenção no que o outro diz e faz e responder de maneira coerente, em vez de tentar presumir o que está se passando em sua cabeça

Avaliação Psicológica - Uma compreensão ampla e links de auxílio

      Avaliação psicológica é um procedimento que visa avaliar, através de instrumentos previamente validados para a determinada função, os diversos processos psicológicos que compõe o indivíduo, sendo o psicólogo o único profissional habilitado por lei para exercer esta função. A avaliação e descrição da realidade psicológica de alguém fornece ao psicólogo um conjunto de informações, as quais este deve saber interpretar, selecionar e sobretudo transmitir e devolver. Esta responsabilidade traz consigo uma série de considerações éticas que visam não somente a imparcialidade do processo em si, mas principalmente a humanização deste, tendo como foco, em última instância a preservação da integridade do sujeito avaliado.Partindo deste principio muitas questões vem a tona, como a influência do diagnóstico no contexto social do avaliado; o posicionamento do psicólogo em relação à avaliação; além do sigilo profissional na confecção de laudos, além de várias outras que cercam a responsabilidade ética na avaliação psicológica. O psicólogo deve ter consciência da influência que um diagnostico pode trazer para a realidade do avaliado. Uma das críticas feitas a avaliação diz respeito a esta questão, que a avaliação muitas vezes pode ser facilitadora dos processos de exclusão.

      A idéia que surge neste contexto refere-se a importância que este diagnóstico pode adquirir na vida do sujeito, falando-se tanto em uma relação pessoal (“o teste diz que eu não sou apto para o emprego X”) como para uma relação mais social, onde a avaliação psicológica pode ser motivo de exclusão dos sujeitos nos mais diversos ambientes, desde o familiar até em suas relações sociais dentro da comunidade.

      O posicionamento do psicólogo em relação à realidade do paciente é outro ponto que deve ser levado em consideração ao realizar a avaliação, sendo que o curso de uma entrevista, por exemplo, é bastante influenciado por variáveis pessoais como sexo, raça, situação sociocultural entre outras. A atenção do psicólogo nestas situações em relação a estas variáveis é de extrema importância, apropriando-se das influências que estas causam ao avaliado sem no entanto abandonar a imparcialidade que a avaliação psicológica existe para comprovar sua validade.

   Cabe ao psicólogo então, manter em mente estas noções ao realizar o processo, buscando uma relativização dos efeitos desta avaliação que, embora sustentada em bases teóricas, possui uma grande carga de elementos pessoais do mesmo. Passando para uma perspectiva histórica, os testes psicológicos surgiram no início do século XIX, sendo seu uso fortalecido no período das guerras, principalmente nos EUA.No Brasil começaram a ser usados principalmente para seleção e orientação profissional. Entre os anos 60 aos 80 não havia muito investimento em avaliação psicológica e elaboração de testes ou adaptação dos testes já existentes à população brasileira. Nos anos 90 inicia-se uma mudança deste quadro, com o surgimento de laboratórios em universidades focando esta área até então pouco explorada no pais.
A regulamentação dos testes em 2003 (Resolução n° 2/2003) foi uma reposta do Conselho Federal de Psicologia a uma demanda da categoria profissional e da própria sociedade, que muitas vezes acabava prejudicada pelo uso indevido. Atualmente, existe o Sistema de Avaliação de Testes Psicológicos (SATEPSI), onde encontra-se documentos sobre a avaliação de testes psicológicos feitas pelo CFP, lista de testes com parecer favorável e desfavorável, além de uma série de outros informativos relacionados ao assunto.

      Atualmente, o papel da avaliação psicológica já assume um papel de maior destaque dentre as funções exercidas pelo psicólogo, com a abertura de novos campos para a prática, destacando-se entre estes a psicologia no Âmbito Penal e a psicologia do trânsito.

  • Lista completa dos testes: 


  • Testes psicológicos aprovados para uso:


  • Testes desfavoráves/não aprovados para uso:


  • Testes psicológicos sem a avaliação do Conselho (Portanto, sem condições de uso):


  • Testes não psicológicos:


  • Testes psicológicos com pareceres desfavoráveis:




Referências Bibliográficas

Resolução n° 2/ 2003: http://www.pol.org.br/legislacao/doc/resolucao2003_2.doc
Resolução n° 12/ 2000: http://www.pol.org.br/legislacao/doc/resolucao2000_12.doc
Resolução n° 16/ 2002: http://www.pol.org.br/legislacao/doc/resolucao2002_16.doc
Site do Satepsi: http://www.pol.org.br/satepsi/
Ciência e Profissão Diálogos. Número 3. Dezembro/2005
Entre Linhas – Publicação do Conselho Regional de Psicologia CRP 07. Número 24. Ano IV. Janeiro/Fevereiro de 2004
Entre Linhas – Publicação do Conselho Regional de Psicologia CRP 07. Número 34. Maio/Junho de 2006

Terapia Cognitivo-Comportamental - Compreendendo.

     
A Terapia Cognitiva Comportamental é  uma linha de psicoterapia breve, proposta e desenvolvida pelo psicólogo Aaron Beck. Envolve um conjunto de técnicas e estratégias terapêuticas com a finalidade de mudança de padrões de pensamento. Seu modelo cientificamente fundamentado apresenta eficácia comprovada através de estudos empíricos. O tempo curto e limitado lhe confere a posição de abordagem de escolha em vários países. O processo pode levar de três a seis meses onde trabalha-se a criação de estratégias para lidar com o sofrimento. A primeira coisa que o terapeuta faz é encorajar seus pacientes a entenderem seus problemas para em seguida identificar novas formas de enfrentá-los.
           A Terapia Cognitivo-Comportamental reinterpreta os elementos que geram emoção negativa. Tem como princípio básico à proposição de que não é uma situação que determina as emoções e comportamentos de um indivíduo, mas sim suas cognições ou interpretações a respeito dessa situação, as quais refletem formas idiossincráticas de processar informação. Com base nesse princípio e na hipótese de primazia das cognições proposta por Beck a Terapia Cognitiva busca a reestruturação cognitiva a partir de uma conceituação cognitiva do paciente e de seus problemas.
Reestruturação cognitiva refere-se à reformulação do sistema de esquemas e crenças do paciente através da intervenção clínica que, entre outras técnicas, utiliza-se do questionamento socrático a fim de desafiar esquemas e crenças disfuncionais, os quais, ao longo do desenvolvimento do paciente, tornaram-se rígidos e supergeneralizados.

Cinco pontos determinantes na psicoterapia:

Ambiente/Situação onde ocorre o problema .......... Ex: No trabalho; Morte do pai; Promoção.
Pensamento/Sentimento ..................................... Ex: Não sirvo para nada; Sou um fracasso, etc.
Estado de humor/emoção ....................................Ex: Tristeza; Irritabilidade; Culpa; Pânico. etc.
Reação física ..................................................... Ex: Suor; Fadiga; Insônia; Coração dispara, etc.
Comportamento ................................................. Ex: Evita os amigos; Desce do ônibus etc.

Seus sentimentos são conseqüência de seus pensamentos

        Sempre que você experimenta um estado de humor existe um pensamento relacionado à ele que ajuda a definir este humor. É importante que você identifique o que está pensando, porque isso nos leva às suas crenças. Diferentes crenças levam à estados de humor diferentes. Ex. Perder um emprego, para uns pode ser significado de fracasso e para outros, oportunidade de arrumar um emprego melhor.
          Pensamento positivo é a solução?
Não. Se tentarmos ter apenas pensamentos positivos podemos não perceber sinais importantes. A terapia cognitiva comportamental propõe olhar a situação problema de muitos pontos de vista diferentes, positivos, negativos e neutros para levar a pessoa a novas conclusões e soluções . A solução é elaborar pensamentos alternativos, ou seja flexibilizar o pensamento. Um pensamento alternativo surge de uma visão aumentada de si mesmo ou da situação na qual você se encontra. Ele é freqüentemente mais positivo que o pensamento automático, mas não é a mera substituição por um pensamento positivo, pois o mero pensamento positivo tende a ignorar as informações negativas.   Com informações adicionais ou um ponto de vista ampliado a sua percepção mudará e em conseqüência você terá novos sentimentos e comportamentos.

Terapia Cognitiva Comportamental e algumas de suas técnicas:

  1. Biblioterapia.
  2. Registro de pensamentos disfuncionais e reestruturação cognitiva.
  3. Construção de hierarquias conforme intensidade da ansiedade ou depressão por exemplo, com notas de 0 a 10.
  4. Dessensibilização sistemática . O paciente, aos poucos, enfrenta as situações que produzem medo.
  5. Exposição aos estímulos externos.
  6. Exposição assistida .
  7. Exposição ao vivo.
  8. Métodos para reduzir a ansiedade .
  9. Reestruturação cognitiva.
  10. Superação da evitação. Quando evitamos uma situação difícil, inicialmente experimentamos uma diminuição da ansiedade. Ironicamente, quanto mais evitamos mais ansiosos nos tornamos.
  11. A bordar gradualmente o estimulo temido.
  12. Experimentos. Se você acredita nos novos pensamentos “em teoria” mas não os sente como algo que se encaixe à sua experiência de vida, o melhor modo de aumentar a credibilidade de seus pensamentos alternativos é experimentá-los em seu dia a dia.
  13. Revisão dos pensamentos negativos através das informações de vida.
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Fonte: http://www.marisapsicologa.com.br/terapia-cognitiva-comportamental-tcc.html

Auto Estima Contingente

Autoestima contingente

            Costuma haver consenso tanto entre leigos quanto entre especialistas de que autoestima é imprescindível para uma vida emocionalmente saudável. O que se entende por “amor-próprio”, porém, causa divergências e ainda é pouco estudado pela ciência. Aliás, a busca excessiva pelo prazer pode deixar as pessoas insatisfeitas, com forte sensação de vazio.
           Buscar situações somente para sentir-se com maior autoestima prejudica a motivação intrínseca, ou seja, o interesse pela tarefa em si. Os psicólogos Edward Deci e Richard Ryan, da Universidade de Rochester, argumentam que pessoas com autoestima contingente se concentram a maior parte do tempo na maneira como sucessos e fracassos refletem sobre sua imagem. Sua pesquisa, realizada ao longo de várias décadas, aponta que aqueles com essa característica realizam atividades, como estudar e trabalhar, porque sentem que devem e não porque querem. A pressão e o senso de obrigação terminam por suplantar a satisfação.
           As relações pessoais também ficam prejudicadas. Pessoas focadas em aumentar a autoestima tendem a sempre colocar suas necessidades antes das dos outros. A preocupação com questões sobre o próprio valor influencia a relação com amigos, familiares e conhecidos, que acabam servindo, principalmente, como fontes de validação ou anulação de méritos – no final das contas, a interação gira em torno de uma única pessoa, o que empobrece e desgasta as relações.
           No entanto, escorar a autoestima em valores como fé ou virtude parece ter menos consequências negativas do que em outras circunstâncias nas quais é possível ser avaliado e julgado (como aparência ou alguma habilidade específica). Ainda não sabemos exatamente os motivos dessa discrepância. A hipótese é que pessoas com necessidade de provar que são virtuosas ou fiéis a uma religião são mais propensas a se envolver em atividades úteis, colaborativas ou filantrópicas, recebendo então, a aprovação dos outros. Ainda assim, as contingências nos tornam vulneráveis às consequências de deixar a autoestima tão dependente de elementos externos para nos definir.
          Embora a busca por autoestima possa trazer consequências negativas, também nos motiva à ação. Sem o desejo de provar nosso valor, poderíamos ficar desanimados. Felizmente, temos opções. Em vez de nos concentrarmos em nossa própria situação, podemos focar em outras pessoas ou no benefício coletivo. Metas construtivas e solidárias tendem a fortalecer o sentimento de confiança e a sensação de pertencimento, o que ajuda a reduzir conflitos e medos.


Fonte: Mente e Cérebro

Seria a psicanálise uma método terapêutico ineficiente, desde os primórdios?

 O pai da pscanálise não curou nenhum paciente

      No início do século 20, o neurologista Sigmund Freud publicou relato da terapia de seis pessoas com distúrbios mentais. Esses textos se tornaram os pilares da psicanálise. Só que nenhum dos casos relatados são exemplos claros de cura pela psicanálise. Três pacientes nem foram tratados por Freud. Do trio que ele atendeu, um largou a terapia após três meses sem sucesso; outro morreu sem se livrar da psicose; e o terceiro paciente, chegou a ser considerado curado, deixou a terapia ainda com problemas, como o próprio Freud admitiu.
(Tarso Araújo)

Considerei um "comentário"¹ importante, mesmo que sem base científica para comprovar o que está dito acima.

Fonte: http://filosofiadagabi.blogspot.com.br/2008/05/o-pai-da-pscanlise-no-curou-nenhum.html

Circuito Cerebral da Maldade - Psicopatia

         Psicopatas têm uma conexão mais “frouxa” entre áreas neurais que processam as emoções, mostra um estudo da Universidade de Chicago. Usando a tecnologia de ressonância magnética funcional (fMRI), a equipe coordenada pelo psicólogo Jean Decety captou imagens do cérebro de 121 presidiários enquanto olhavam fotografias de pessoas sentindo dor em situações corriqueiras, como prendendo o indicador em uma gaveta ou topando a unha do dedo do pé na parede. Eles foram orientados a imaginar aquilo acontecendo com eles mesmos ou com alguém próximo – uma conhecida técnica de mudança de perspectiva que costuma despertar a empatia, isto é, a capacidade de reconhecer e experimentar os sentimentos alheios.
          A resposta neural de todos os voluntários foi equivalente quando se imaginaram na situação: foram acionados, normalmente, centros de percepção da dor e das emoções. O resultado, porém, foi diferente quando eles pensaram em outra pessoa. Presidiários que tiveram pontuações mais altas em um teste que avaliava os níveis de psicopatia, aplicado antes do experimento, revelaram menor coordenação entre o funcionamento da amígdala – região crucial no processamento de emoções, principalmente o medo –, e do córtex pré-frontal ventromedial, área com participação importante no autocontrole, na empatia e na moralidade. “Algumas imagens até sugerem que foram ativadas regiões associadas ao prazer”, diz Decety.
         Segundo o psicólogo, algumas áreas que se comunicam de maneira menos eficiente na psicopatia “são essenciais para experimentar a sensação de se importar com o outro, característica que parece de todo ausente nos psicopatas”. Decety acredita que em breve estudos com neuroimageamento poderão ser úteis para avaliar a eficácia do tratamento com terapia cognitivo-comportamental (TCC) para a psicopatia. “O fortalecimento das conexões pode ser indicativo de que as estratégias para estimular a empatia estão dando certo”, diz.



Fonte: http://www2.uol.com.br/vivermente/noticias/psicopata_neuroimagem_empatia_amigdala.html

Para uma melhor compreensão do Transtorno Borderline

Borderline, um transtorno de personalidade no limite das emoções
Autora de best-sellers sobre psicopatia, bullying e TOC, a psiquiatra Ana Beatriz Barbosa Silva se volta para um transtorno ainda pouco conhecido no país: o da personalidade borderline. Em seu novo livro, “Corações descontrolados” (Ed. Fontanar), ela conta como são as pessoas que vivem no limite de suas emoções e também como lidar com elas. 

 O nome do seu livro é "Corações descontrolados. Ciúmes, raiva, impulsividade, o jeito borderline de ser". 
Que jeito é esse?
    Todos nós apresentamos momentos de explosões de raiva, tristeza, impulsividade, teimosia, instabilidade de humor, ciúmes intensos, apego afetivo, desespero, descontrole emocional, medo de rejeição, insatisfação pessoal. E, quase sempre, isso gera transtornos e prejuízos para nós mesmos e/ou para as pessoas ao nosso redor. Porém, quando esses comportamentos se apresentam de forma frequente, intensa e persistente, eles acabam por produzir um padrão existencial marcado por dificuldades de adaptação do indivíduo ao seu ambiente social. Quando isso ocorre, podemos estar diante do transtorno da personalidade borderline. Os borders apresentam hiperatividade emocional, ou seja, é muito sentimento e muita emoção sempre. E costumam lidar muito mal com qualquer tipo de adversidade, especialmente as que envolvem rejeição, desaprovação e/ou abandono. Quando se deparam com uma situação dessas, desencadeiam uma reação de estresse muito mais intensa e abrangente do que o esperado. E chama-se borderline por isso, porque vivem no limite das emoções.

É o transtorno do amor?

É o transtorno dos afetos. Porque o amor deve ser funcional, positivo. O que o border tem é um afeto disfuncional.

Existe uma personalidade borderline e um transtorno de personalidade borderline? Como é isso? Qual a linha divisória?

 A personalidade é o jeitão de cada um. É a parte biológica somada ao que aprendemos, à cultura. A junção dessas duas partes vai gerar uma série de comportamentos recorrentes, que caracterizam a personalidade de cada um. A personalidade borderline é marcada pela dificuldade nas relações interpessoais, pela baixa autoestima, instabilidade reativa do humor e impulsividade. Quando essas características se apresentam de forma muito disfuncional, nós a chamamos de transtorno.
 Tipos diferentes de personalidades, mesmo com traços aparentemente negativos, podem ser requisitos para determinadas atividades, não? Quer dizer, não é qualquer tipo de pessoa que pode ser, por exemplo, um médico voluntário, trabalhando em meio à fome na África ou ajudando sobreviventes do terremoto no Haiti.
    Só é transtorno quando apresenta problemas sérios para a pessoa, quando é tão disfuncional que a pessoa deixa de ser produtiva. Tirando isso, a personalidade border, ou, como dizemos, o traço border, pode ser muito interessante, se a pessoa não tem ataques de fúria, dependência. Grandes causas sociais, como você mencionou, demandam pessoas com grande capacidade de sentir empatia, com grande sensibilidade e que precisam de um alto grau de aceitação. Uma outra característica comum nessas pessoas é a fluidez na autopercepção. Por isso, pessoas com traço border dão grandes atores. Quando tratamos alguém com o transtorno, temos que ter em mente que, antes de mais nada, essa é uma maneira de ser, uma base estabelecida que não muda. O que buscamos no tratamento é transformar o transtorno em traço: ou seja, a pessoa vai continuar a ser sensível, emotiva, mas ela não vai capotar naquilo, vai canalizar para coisas produtivas.
       O quanto do transtorno é biológico e o quanto é fruto do meio? No livro, a maior parte das pessoas com o transtorno teve vidas muito duras, marcadas por abuso sexual, agressão física, abandono. Como se pode dizer que isso é biológico?
 Sabemos é que 50% são biológicos e 50% estão relacionados à criação, ao meio, à cultura. Quando a pessoa tem a biologia, mas vive num meio normal, o transtorno vai se apresentar de uma forma muito mais branda ou como traço. A estrutura genética não muda, mas é possível moldar a forma como se apresenta.

Como é a vida de quem tem o transtorno?

A pessoa tem uma dificuldade muito grande nos relacionamentos. Ela tem a autoestima destruída. Se vê muito pior do que é, de maneira depreciativa, e acha que a solução está no outro; é na dependência afetiva do outro que ela busca segurança e legitimidade. E é muito impulsiva. Mas essa impulsividade se manifesta de uma forma muito específica: ela está relacionada a explosões de raiva e ira. O border, como dizemos, é aquela pessoa que, literalmente, fica cega de raiva. Todo mundo que já viveu uma paixão alucinada sabe como é ser border: esse é o jeito border de ser. O estado da paixão, de acordo com a ciência, dura de dois meses a dois anos justamente porque, se durar mais, ninguém aguenta. Mas o border vive assim.

Trata-se de um transtorno que acomete muito mais mulheres do que homens. A neurociência explica por quê?

Sabemos que 75% dos pacientes são mulheres. Não sabemos exatamente por quê, mas não chega a ser uma grande surpresa se pensarmos que o transtorno está relacionado a uma hiperatividade do sistema límbico, que é o nosso verdadeiro coração, a região do cérebro que regula as emoções. No border, o sistema funciona demais, no extremo das emoções. Nos momentos de maior impulsividade, é como se houvesse uma pane total no sistema, um curto-circuito. Como a questão das emoções já é naturalmente mais marcada para as mulheres, é de se esperar que elas sejam a maior parte dos pacientes. Por outro lado, os homens, com cérebros mais racionais, são a maioria dos que sofrem de transtorno de psicopatia — em que o sistema límbico não funciona ou funciona muito pouco, o que os torna incapazes de ter empatia, de se sensibilizar com o sofrimento dos outros.

A adolescência é uma época em que as emoções já são muito mais intensas. Como é o transtorno nessa fase da vida?

O transtorno surge pela primeira vez nessa fase que é, em geral, quando ocorre o primeiro rompimento ou afeto não correspondido. Essa rejeição desencadeia o curto-circuito. A adolescência é a época das paixões, da impulsividade, da sexualidade, do comportamento de risco. Tudo isso faz parte, o adolescente tem que arriscar para aprender. É uma erupção emocional. No border, no entanto, é uma hemorragia. A automutilação é um comportamento recorrente. E se você perguntar por que ele fez aquilo, vai dizer que é para aliviar a angústia, o vazio.

E alivia mesmo? Por quê?

Sim. Ele se sente muito melhor porque deixa de sentir angústia. Quando há uma ameaça física ao corpo, o sistema de defesa e estresse é acionado. A substância liberada para tamponar a agressão é a endorfina, que é um anestésico. Por isso, um tratamento ótimo é a atividade física intensa, que libera endorfina.

A Carminha, de Avenida Brasil, é border?

Totalmente. Basta ver aquelas explosões de fúria, de ódio, sua instabilidade emocional. E, ao mesmo tempo, o grande pavor que tem da rejeição. Aquela família é seu alicerce, ela jamais se separaria, embora diga o contrário.

Existe tratamento?

É possível diminuir a hiperatividade do sistema límbico com medicações específicas em doses específicas — muitas vezes mínimas. Com isso, você reduz muito os ataques de fúria, os atos destrutivos, as agressões; baixa a bola do sistema mesmo. Mas, paralelamente, é preciso terapia, uma terapia muito específica, mais direcionada para o presente do que para o passado, que vai treinar a pessoa a viver com menos intensidade, a sangrar menos. A não morrer de hemorragia.



Fonte: http://oglobo.globo.com/sociedade/saude/borderline-um-transtorno-de-personalidade-no-limite-das-emocoes-6463834#ixzz2z3IvDJBy
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Cérebro leva 300 milésimos de segundo para gerar lembrança

       Apenas 300 milésimos de segundo são o suficiente para o cérebro humano gerar uma lembrança, o tempo que os "neurônios de conceito" levam para relacionar imagens, segundo uma recente descoberta de cientistas argentinos.
          A nova aproximação do mistério da memória humana chega pelas mãos dos argentinos Rodrigo Quian Quiroga, diretor do Centro de Neurociência Sistêmica da Universidade de Leicester na Grã-Bretanha, e Hernán Rei, que acabam de publicar a descoberta na revista "Current Biology".
"Em geral, a formação da memória envolve uma associação de conceitos. Por exemplo, "lembro de ter me encontrado com um amigo quando fui ao cinema" implica dois conceitos: "um amigo" e "fui ao cinema", que se associam para formar uma nova memória que é a de ter encontrado um amigo no cinema", explicou à Efe Quian Quiroga.
"Já há um tempo demonstramos que há neurônios no cérebro que codificam conceitos. Esses neurônios o cérebro usa para formar memória e têm um tempo de disparo", esclareceu, em conversa telefônica da Grã-Bretanha.
"Assim que o estímulo sensorial - como ver uma pessoa - chega, 300 milésimos de segundo depois esse neurônio dispara (um impulso) e esse é o tempo durante o qual o neurônio é ativado para a formação da memória", continuou.
         O fenômeno é diferente de outros processos cognitivos - como, por exemplo, decidir sobre pegar um táxi ou ir de ônibus ou prestar atenção a algo que te emociona - já que envolvem outros neurônios, em outras regiões do cérebro, e outros tempos.
Quian Quiroga e sua equipe estudam a resposta do cérebro em pacientes candidatos à cirurgia por epilepsia, aos que avalia-se com eletrodos em várias áreas do cérebro que registram a atividade neuronal.
"Um eletrodo é como uma agulha que tem um milímetro de diâmetro, e permite escutar atividade dos neurônios, como se você introduzisse um microfone no cérebro de uma pessoa e pudesse ouvir", explicou Quian Quiroga.
       A memória está distribuída em várias partes do cérebro, não há um lugar específico que funcione como "baú das lembranças", mas sim uma área específica envolvida em sua construção - o hipocampo.
"Se não temos essa área, não podemos gerar novas memórias, há muitas evidências na neurociência, mas principalmente sabemos disso por um paciente que não tinha hipocampo e não conseguia ter novas lembranças", acrescentou o cientista.
"É muito parecido com o caso do filme "Amnésia" (Christopher Nolan, 2000). De fato, foi baseado nesse paciente. É uma pessoa que tudo que acontece com ele não pode guardar na memória, todas as coisas que lhe acontecem caem diretamente no esquecimento", prosseguiu.
         No hipocampo estão localizados os "neurônios de conceito", especializados nesse tipo de codificações por sua hierarquia nos processos cognitivos.
Pela descoberta dos "neurônios de conceito" é preciso agradecer a Quian Quiroga e, de certa forma, à atriz americana Jennifer Aniston.
"O primeiro neurônio de conceito que encontrei, que as pessoas chamam de "neurônio de Jennifer Aniston", foi batizado assim justamente porque eu mostrava várias fotos de Jennifer Aniston e o neurônio respondia e se mostrava fotos de qualquer outra pessoa, por exemplo, de Julia Roberts, não fazia", apontou.
         Também encontrou outros neurônios que respondiam a Halle Berry, Oprah Winfrey e outros personagens famosos da cultura americana há uma década, já que a pesquisa aconteceu na universidade de UCLA de Los Angeles, o ano em que Aniston estava na crista da onda da popularidade pela exibição da última temporada de "Friends".
Quiroga não fica incomodado que sua grande descoberta tenha entrado para a história da ciência como "o neurônio de Jennifer Aniston". Para o pesquisador, "é divertido".
As descobertas não servirão por enquanto para curar doenças como o Alzheimer, porque ainda há um longo caminho para entender totalmente como funcionam os mecanismos da memória.
"O cérebro não é apenas o grande desconhecido do corpo humano, mas do universo. Como ele funciona continua sendo um dos enigmas da ciência. Quando se pergunta a um cientista quais são as cinco grandes perguntas de nossa época, uma certamente vai ser o funcionamento do cérebro", concluiu.


Fonte: Revista Exame